Boa noite pessoal!
Estamos a todo o vapor… texto novo na área.
Tema quente hoje no nosso blog – assunto de extrema preocupação durante a gestação – RINS DILATADOS, ou, no termo técnico – HIDRONEFROSE CONGÊNITA.
Bem, vamos lá.
Claro que nunca esperamos uma alteração nos exames de rotina pré natal dos nossos bebês. Quando isso ocorre, sempre nos assustamos. Essa novidade nos gera muita angústia, medo e preocupação. Muitas dessas sensações é trazida pela desinformação acerca do assunto. E aqui venho fazer minha parte – vou tentar nesses próximos parágrafos trazer uma gravidez “menos conturbada” para quem descobre qualquer um dos problemas abaixo listados… porque a gente sabe – pais sempre serão pais (mãe então…)!

A hidronefrose fetal (dilatação da pelve renal com ou sem dilatação dos cálices renais) é um achado comum na ultrassonografia pré-natal. Na maioria dos casos, a dilatação pélvica renal é um estado fisiológico transitório, no entanto, anomalias congênitas do rim e do trato urinário podem se manifestar com hidronefrose fetal. Essas condições podem estar associadas ao comprometimento do desenvolvimento renal e / ou causar lesão renal.

Existe uma divergência no valor encontrado para definir o que seria hidronefrose!
Geralmente (e a grande maioria dos autores) utilizamos o valor de 4 a 5mm para definir dilatação.
Com isso, trago alguns dados para ilustração:

  • Duas vezes mais comum em meninos
  • Vinte a 40% pode ser bilateral
  • 0,6 a 4,5% das gestações

Qual a importância e por que devemos nos preocupar com esses achados?

A hidronefrose fetal pode se desenvolver secundária à dilatação transitória do sistema coletor, uropatia obstrutiva do trato urinário superior / inferior e processos não obstrutivos, como refluxo vesicoureteral (RVU), megaureteres e síndrome de Prune-Belly. As causas mais comuns são hidronefrose transitória, obstrução da junção ureteropélvica e RVU.

Estenose de JUP

Megatureter

Refluxo

Aqui vale salientar que existe um melhor momento para realizar o exame de ultrassom para detecção dessas alterações. O ideal é realizar após as 20 semanas. Antes disso, algumas alterações podem passar desapercebidas. Já aqueles exames realizados no 3º trimestre nos auxiliam a predizer o prognóstico pós natal. OK doutor. Meu exame detectou uma hidronefrose, e aí?Bom, agora, como tudo em medicina, precisamos de mais detalhes, mais dados – gostamos sempre de classificar, enumerar, algoritmos etc…Qual o tamanho da hidronefrose?Os dois lados estão dilatados?O ureter está acometido?O parênquima renal está afilado?Existe alguma alteração na bexiga?Existe líquido amniótico normal?

Essas são algumas das perguntas que precisamos responder para tentar prever a gravidade do caso e o risco ou necessidade de intervenção pós natal.

Não quero passar aqui valores, volumes, dilatação etc. A ideia é tentar entender esse assunto e tranquilizar as famílias.

Quando é identificado uma HIDRONEFROSE ANTENATAL, é imperativo a consulta com um Urologista Pediátrico. A ideia é já iniciar algumas hipóteses, passar as informações e preparar um plano terapêutico a partir daí.

É EXTREMAMENTE RARO A NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO DURANTE A GRAVIDEZ (felizmente)! São casos muito graves, com risco para o feto e realizado por poucas pessoas no Brasil.

 

Ou seja, a grande maioria (quase totalidade) vai ter uma gestação normal, sem intercorrências e vai ter o parto a termo. Vale lembrar que nenhuma dessas alterações define via de parto (cesária ou normal).

Deve-se comunicar seu médico UROPEDIATRA a data do parto para que ele possa ainda na maternidade conversar com o pediatra e outros profissionais e determinar o melhor momento para um novo ultrassom.

É rotina fazer o exame pelo menos após 48 horas. Antes disso ainda existe toda uma redistribuição dos líquidos maternos-fetais, início da diurese etc…

Caso as alterações sejam leves, podemos até esperar algumas semanas para fazer o USG.

Enfim, a descoberta antenatal da hidronefrose vem apenas para nos pegar de surpresa e nos preparar para os cuidados pós natal.

Claro que a rotina de pré natal mudará, com mais exames de USG dependendo da gravidade etc… Porém a conduta será tomada sempre após o parto, a depender do diagnóstico… mas isso já tema para outros dia!